Quando eu nasci - Sebastião da Gama

Quando eu nasci,
ficou tudo como estava,

nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve Estrelas a mais…
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.

As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém…

Pra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos da minha Mãe…

Sebastião da Gama
Serra-Mãe: poemas.
Lisboa, Ed. Ática, 1996